“Glaciar”

Marcelo dos Reis

Concerto

CAOS | casa d’artes e ofícios
16 de julho de 2021


Glaciar é o novo disco de Marcelo dos Reis, o quarto de oito discos que o músico lança em 2021 e marca também o arranque da Miria Records, uma editora para o guitarrista editar os seus trabalhos mais pessoais de uma forma totalmente independente.

Marcelo dos Reis é uma voz proeminente da nova geração de músicos improvisadores europeus. Toda a sua obra tem sido amplamente aclamada, e entre todo o reconhecimento, foi nomeado um dos cinco melhores guitarristas por três anos consecutivos na publicação El Intruso, no Anual International Critics Poll, que reúne jornalistas de todo o mundo. Em 2017 foi considerado músico do ano na revista jazz.pt, já em 2020, foi considerado um dos mais influentes músicos/improvisadores dos anos 2010’s pela prestigiada publicação Free Jazz Blog Collective.

Inspirado pelos glaciares durante uma residência artística nos Alpes Suíços, Glaciar representa uma nova abordagem do músico, uma viagem lírica de forte componente cinemática, onde as composições refletem o espaço e som de uma movimentação milenar.

O guitarrista Marcelo dos Reis – membro dos grupos Fail Better!, Open Field, In Layers, STAUB Quartet, Pedra Contida e Chamber 4, duos com Angelica V. Salvi e Eve Risser, também co-fundador da label Cipsela – prepara-se para mais uma aventura musical. O guitarrista e improvisador vai agora lançar uma nova editora, chamada Miria Records. Reis afirma: “basicamente é uma editora pequena criada por mim para poder lançar trabalhos totalmente independentes”, “na lógica das editoras independentes para ter total controle criativo na coisa e sem compromissos com mais ninguém”. A nova editora será inaugurada com a edição de Glaciar, um novo trabalho a solo de Marcelo dos Reis, o seu segundo registo depois de Cascas. Segundo o guitarrista, este Glaciar “é um disco com uma componente cinemática muito forte, inspirada numa residência artística que fiz nos Alpes e as composições julgo que reflectem um bocado a beleza e dimensão natural do espaço e também aquilo que é o resultado do aquecimento global criado pelo ser humano”. O novo disco será lançado no dia 26 de Junho e estará disponível no Bandcamp da nova editora.

http://aformadojazz.com/2021/06/5650/

No passado dia 26 de Junho, Marcelo dos Reis lançou o seu mais recente álbum, Glaciar, pela Miria Records. Amanhã, 2 de Julho, a primeira apresentação deste trabalho acontece na Casa Varela, em Pombal.

Numa entrevista dada recentemente a João Morado, uma conversa que foi publicada no Rimas e Batidas, o músico falou sobre o projecto:
“Eu já tinha planeado este ano fazer um disco a solo. Na verdade, estava a pensar acabá-lo nesta fase do confinamento e gravá-lo no estúdio da Academia de Música que eu também coordeno. Só que, entretanto, já havia conversações há algum tempo para fazer uma residência artística aqui na Casa Varela, em Pombal, e em conversas com o Filipe Eusébio, que é o programador da Casa, pareceu-nos ser uma boa altura para fazer uma espécie de residência em desconfinamento. Portanto, já que ia estar aqui uma semana mais fechado sobre mim, a gravar, e a pensar no que estou a criar… e ainda por cima fora de casa! Nesta fase o que também nos inspira é estar a criar fora de casa. Só por aí, achei que era uma boa altura para gravar este disco a solo. Venho com as ideias já quase todas definidas, apesar de saber que ainda faltam muitas outras, porque é um disco que, ao contrário de muitas coisas que tenho feito, vai ter muita composição, ou seja, vai ser um disco com muito menos improvisação. Vai ser composto por material que fui juntando há algum tempo. Tenho a ideia de lhe chamar Glaciar, até porque é uma música com espaço, reverb e na qual vou usar efeitos. Aliás, vou fazer uma cena que normalmente nunca faço… normalmente ligo a guitarra ao amplificador sem nada ou toco guitarra acústica, e aqui vou fazer uma coisa com efeitos, psicadélica até.
Em 2017, estive numa residência artística nos Alpes, na Suíça, que fiz com o Luís Vicente durante três semanas. E fomos tocar a Zurique, alugámos um carro e fizemos uma viagem brutal, lindíssima, assim super bucólica, pelos glaciares. Estava um dia incrível de sol. No dia seguinte tínhamos um concerto perto de onde estávamos a fazer a residência, ou seja, tínhamos de regressar, e estamos a falar de uma viagem de cerca de 300 km que nós fizemos de volta durante a noite. Claro que ninguém faz aquela viagem à noite. Imagina o que é passares pelos glaciares daquela forma. É super perigoso e, ainda por cima, estava a nevar. Ao mesmo tempo foi muito inspirador. Estava lua cheia e passámos por glaciares com extensões brutais. Acho que essa foi a imagem natural mais bonita que vi na vida. Foi mesmo surreal. Ninguém presencia aquilo daquela forma porque só dois ‘doidinhos da cabeça’ é que andam por ali às quatro horas da manhã. Lembro-me de ir a conduzir mesmo devagar, a cerca de 5 km/h, e passavam veados ao lado do carro. Nunca mais me esqueci dessa experiência, e isto já foi em 2017. Essa ideia de fazer um disco inspirado por essa viagem foi maturando desde aí…”

Há, para já, mais três concertos marcados: no Jardim Botânico, em Coimbra, no dia 15 de Julho; na Galeria Caos, em Viseu, no dia 16 de Julho; e no Convento de S. Francisco, em Coimbra, novamente, a 21 de Dezembro.

+info: https://pedracontida.bandcamp.com
http://www.cipsela-records.com
https://chamber4.bandcamp.com
https://failbetter5tet.bandcamp.com/album/zero-sum
https://www.youtube.com/user/marcelohortareis